É hora de aproveitar o sol para gerar energia
Postado em 18/06/2017
Com o suporte da empresa pioneira na instalação do sistema na região, a Solled Eficiência Energética, o empresário deve recuperar entre cinco e seis anos o investimento de R$ 125 mil que foi realizado. O período, segundo a sócia-proprietária da Solled, Mara Schwengber, é a média do chamado payback: tempo em que os usuários do sistema poderão compensar o investimento. Essa relação custo-benefício é uma das principais respondáveis pelo crescimento da energia solar fotovoltaica no Estado.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Rio Grande do Sul é o terceiro no ranking de crescimento de micro e minigeração distribuída. Com 951 instalações de energia solar fotovoltaica, fica atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo. Em Santa Cruz do Sul, os números também apontam para a expansão. Dados da RGE Sul dão conta de que 123 clientes (13% do Estado) estão regularizados e utilizam o sistema em residências e empresas.
O PASSO A PASSO DO SISTEMA
Apesar de ainda ser considerada um sonho distante, por conta do alto investimento inicial, é consenso entre os profissionais e engenheiros envolvidos com a instalação que a energia solar fotovoltaica apresenta considerável potencial de crescimento no Brasil. A expectativa é confirmada pela Aneel.
A agência estima que até 2024 mais de 1,2 milhão de consumidores em todo o Brasil passem a produzir sua própria energia. Para mostrar que o serviço – se contratado com empresas e profissionais capacitados – não é um mistério, a Gazeta do Sul mostra as etapas para a implementação do sistema:
1 De acordo com a sócia-proprietária da Solled, Mara Schwengber, o primeiro passo para que se possa elaborar um projeto de energia solar é analisar a média anual da conta de luz do cliente. Em cima desse valor é que o engenheiro eletricista responsável vai dimensionar o tamanho do sistema e a quantidade de placas fotovoltaicas que deverão ser instaladas para maior eficiência e economia. Nesta etapa a empresa contratada fica incumbida de realizar um estudo técnico para a disposição dos módulos, observando o posicionamento do sol no decorrer de um ano. “Contamos com um software que faz um estudo da posição solar naquele endereço e região e, com isso, o software define a melhor posição das placas e ângulos”, esclarece o gerente de expansão da Solled, Mauro Soares. Esse estudo técnico é fundamental para a melhor produtividade do sistema.
2 Após a execução do projeto, os engenheiros encaminham a documentação para a concessionária – no caso de Santa Cruz do Sul, a RGE Sul –, que precisa aprovar a futura instalação.
3 Após a aprovação, é feita a instalação do sistema. Segundo Mara Schwengber, a implantação não exige muitas alterações na rede elétrica atual. Os painéis fotovoltaicos podem ser instalados no telhado da residência, enquanto a distribuição da energia utiliza a fiação já existente. Depois, basta ligar os módulos ao inversor, aparelho que será conectado à entrada de energia. Vale lembrar que por se tratar de um sistema modular, mais painéis podem ser adicionados ao longo do tempo, se a necessidade do cliente for produzir mais energia.
4 Após a instalação, é hora de a concessionária realizar a vistoria, efetuar a troca do relógio contador e conectar o sistema à rede de energia elétrica. O tempo entre contratar o serviço e ver o sistema funcionando é de aproximadamente 45 dias. Depois disso, o cliente poderá monitorar a produção de energia por meio do inversor ou por um aplicativo que pode ser acessado pelo smartphone.
7 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER
1 Quando houver falha no serviço, quem utiliza energia solar também ficará sem luz. Isso acontece por uma medida de segurança. Se o sistema continuar enviando tensão para a rede poderá causar choque nos técnicos que realizarem a manutenção.
2 Em média, os painéis solares duram 25 anos e precisam de pouca ou nenhuma manutenção. Mangueira e esponjas são suficientes para limpeza uma ou duas vezes por ano.
3 Os preços dos equipamentos tendem a ficar cada vez mais estáveis em função da crescente procura. Dificilmente vão baixar. Ou seja, quanto mais tempo você esperar, mais tempo ficará sem usufruir dos benefícios da energia.
4 Em Vera Cruz, uma empresa de tecnologia que instalou o sistema há 40 dias já produziu energia para manter uma televisão ligada por 424 dias. A produção também equivale a 1,3 tonelada de dióxido de carbono que deixou de ser emitido na natureza.
5 O investimento para instalar o sistema em uma casa que consome cerca de 500 quilowatts por mês (conta equivalente a R$ 360,00) é de cerca de R$ 23 mil.
6 Após seis meses de instalação, os clientes recebem o selo solar homologado pela World Wide Fund for Nature (WWF).
7 A energia solar é limpa: não gera nenhum tipo de poluente e ajuda a combater o efeito estufa.
Em casa, conforto e praticidade
A aposentada Liane Bernhardt, 51 anos, é exemplo de quem decidiu apostar na tecnologia dentro de casa. Há quatro meses, ela e o marido Antônio Mendes optaram pela instalação de 14 placas fotovoltaicas e também observam a redução de, pelo menos, 70% na conta de luz. Enquanto em março a tarifa ficou em R$ 296,00, em maio o valor caiu para R$ 78,00. “É um investimento que fizemos pensando no futuro, nos recursos do planeta e no conforto.” Segundo Liane, um dos principais benefícios do sistema para o dia a dia é a praticidade. “Antes, se ligávamos o ar-condicionado, desligávamos a máquina de cortar grama. Agora não precisamos mais nos preocupar”, diz. E já que o assunto é tecnologia, quem adere ao sistema ainda pode acompanhar a quantidade de energia que produz por meio de um aplicativo no celular ou no próprio inversor. O sistema na residência do casal já gerou 1.220 quilowatts. Isso equivale, segundo a tabela média de consumo da Eletrobras, a um ar-condicionado split de 9.500 BTUs ligado durante 2 mil horas.
Energia que vira crédito
A geração de energia pelos próprios consumidores tornou-se possível a partir da resolução normativa 482/2012 da Aneel. Ela estabelece as condições gerais para o acesso de micro e minigeração aos sistemas de distribuição de energia elétrica e cria o sistema de compensação, que permite ao consumidor instalar pequenos geradores e trocar energia com a distribuidora local. Segundo o proprietário da LedIn, Fábio Cunha, o excedente de energia produzido no mês é transformado em desconto na conta de luz e também pode ser encaminhado para outra, desde que seja vinculada ao mesmo CPF. “Se eu gastei 100 quilowatts, mas produzi 120, esses 20 de bônus eu posso guardar como crédito e descontá-lo em um período de até 60 meses. Outra alternativa é enviar o crédito para outra casa.” Cunha, que tem pós-graduação em eficiência energética, explica que são comuns casos de empresários produzirem energia para o negócio e ainda ter excedente, que é encaminhado para a própria residência deles. Também reforça que no caso de o cliente zerar a conta – ou seja, produzir a mesma quantidade de energia que consumiu –, ainda deverá pagar a taxa mínima, que varia conforme a concessionária e se a rede for mono, bi ou trifásica.
FINANCIAMENTO
Bancos e cooperativas de crédito já oferecem linhas específicas para financiar a instalação da energia solar. É o caso do Sicredi Vale do Rio Pardo. Segundo o assessor de crédito em Santa Cruz, Igor Alexandre Stertz, os associados interessados em utilizar esta linha devem avaliar junto ao fornecedor a viabilidade do projeto, assim como o prazo de retorno para o investimento. Depois, é preciso apresentar à cooperativa de crédito o projeto elaborado pela empresa fornecedora. A documentação passará por análise de crédito, respeitando os critérios de concessão estabelecidos pelo Sicredi. Estando tudo aprovado, o dinheiro é liberado.
SAIBA MAIS
Conforme Mauro Soares, o painel reage com a luz do sol e produz energia fotovoltaica. Depois, o inversor, considerado o coração do sistema, converte a energia solar dos painéis na energia que será consumida. O ex-superintendente regional da antiga AES Sul, Carlos Alberto Vogt Rocha, acrescenta que o usuário poderá instalar o sistema em um local e utilizá-lo em outro. Ou seja, não há exigência de área física dedicada. Se o cliente possui um terreno ou espaço onde há mais capacidade de radiação solar, nada o impede de implementar as placas neste espaço e destinar a energia para onde bem entender, desde que a cobertura seja da mesma concessionária. Não bastasse a economia, a questão ambiental é outro fator determinante para a relevância e expansão desse tipo de geração de energia. “Ao optar pela geração solar, o consumidor contribui para a mitigação das mudanças climáticas, problema que depende também dos nossos hábitos de consumo”, diz Rocha.
Fonte: gaz