Embarques semanais de milho nos EUA atingiram a 1,1 milhão de toneladas

Postado em 12/06/2020
Milho (1).jpg

Exportações brasileiras no novo ano comercial ao redor de 38 milhões de toneladas.

As cotações do milho em Chicago igualmente ficaram estáveis nesta semana, com o bushel do cereal fechando a quinta-feira (11) em US$ 3,29, igual valor do fechamento de uma semana atrás.

Esta situação se deveu ao fato de que o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 11/06, praticamente não trouxe novidades no que diz respeito aos prognósticos para a safra 2020/21, que já está em final de semeadura nos EUA.

Análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA.

O referido relatório apontou o seguinte para a futura safra:

1) Manteve a projeção de uma safra recorde nos EUA, com um total de 406,3 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais ficariam em 84,4 milhões;

2) Aumentou levemente a produção mundial de milho, colocando-a em 1,188 bilhão de toneladas, porém, reduziu em um milhão e meio os estoques finais mundiais, agora projetados em 337,9 milhões de toneladas;

3) A produção brasileira foi aumentada para 107 milhões de toneladas, enquanto a argentina foi mantida em 50 milhões (é bom lembrar que setores privados brasileiros apontam para uma safra nacional em torno de 101,5 milhões de toneladas);

4) Exportações brasileiras no novo ano comercial ao redor de 38 milhões de toneladas;

5) Preços médios aos produtores de milho dos EUA, em 2020/21, em US$ 3,20/bushel, contra US$ 3,60 em 2019/20.

Enquanto isso, os embarques semanais de milho nos EUA atingiram a 1,1 milhão de toneladas na semana anterior, ficando dentro das expectativas do mercado. Todavia,no acumulado do ano comercial o total chega a 20,6 milhões de toneladas, ou seja, 26% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior.

Em paralelo, o USDA informou que até o dia 07/06 o plantio do milho estava praticamente concluído, faltando apenas três pontos percentuais. A média histórica para esta data é de 94% semeado. O órgão público estadunidense também informou que 89% das lavouras semeadas já germinaram, sendo que 75% estavam em condições entre boas a excelentes, 21% regulares e 4% entre ruins a muito ruins.

Já no mercado brasileiro, os preços se mantiveram relativamente estáveis, tendendo a inverter o viés de baixa na medida em que vai se confirmando quebras na safrinha de alguns Estados produtores. Mas a pressão da colheita desta safrinha, que deverá se intensificar no final de junho, ainda mantém os preços em baixa. Assim, a média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 43,61/saco, enquanto no Paraná os valores oscilaram entre R$ 36,50 e R$ 37,00/saco, em Rondonópolis (MT) em R$ 34,00; em Maracaju (MS) R$ 37,00; em Goiás em R$ 33,00; e em Campinas o CIF ficou em R$ 48,00/saco.

Por outro lado, nos últimos 30 dias as cotações do milho nos portos brasileirosrecuaram cerca de R$ 9,00/saco, com o porto de Santos batendo em R$ 46,00 e Paranaguá ficando em R$ 44,00 no momento. Este recuo se deve especialmente à forte revalorização do Real nas últimas duas semanas, fato que tira competitividade dos produtos nacionais na exportação.

Até este momento os produtores brasileiros já teriam negociado ao redor de 50% do volume total de milho que o país irá colher neste ano comercial. Aparentemente, o mercado cogita que os melhores momentos de preço já teriam passado no país, porém, havendo espaço para novas altas passada a pressão da colheita da safrinha, a partir de agosto/setembro.

Para tanto, muito irá depender do real volume que o Brasil colherá na safrinha, algo que ainda depende do clima, assim como do comportamento do câmbio e sua influência sobre os volumes exportados.

Neste último caso, analistas brasileiros apontam para vendas externas ao redor de 30 milhões de toneladas no total do ano, enquanto o USDA fala em 38 milhões de toneladas, como vimos em seu relatório deste último dia 11/06. Ao mesmo tempo, esperando que a pandemia dê efetivamente trégua no segundo semestre, o mercado conta com uma recuperação no consumo interno de milho a partir da melhoria na produção das carnes. Também conta-se com a melhoria no consumo de milho para a fabricação de etanol aqui no país.

A colheita da safrinha já começou (3% no Paraná e 4% no Mato Grosso) e aexpectativa é de produção final entre 69 e 71 milhões de toneladas, podendo ser menor devido a quebras no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. No caso deste último Estado, a produtividade média esperada fica em 70 sacos/hectare, contra 90 sacos na colheita anterior. Mesmo assim, o volume final deverá ficar elevado para os padrões médios dos últimos anos. Já no Paraná espera-se um milhão de toneladas a menos na
safrinha, com um volume final ao redor de 11,9 milhões de toneladas. Segundo o Deral, até o início de junho 41% das lavouras apresentavam condições entre boas a excelentes, 43% regulares e 16% ruins. No Estado paranaense 30% da safrinha já teria sido negociada. 

No Mato Grosso do Sul os preços do milho estariam R$ 20,00/saco acima do registrado em 2019, levando os produtores a negociarem antecipadamente 40% da safra, contra 30% no mesmo momento do ano passado. Na BM&F (B3) o contrato julho esteve cotado a R$ 43,44/saco, enquanto setembro ficou em R$ 42,50 e novembro em R$ 45,12/saco.

Enfim, segundo a Datagro, a comercialização do milho de verão teria atingido, no Centro-Sul brasileiro, um total de 77% do volume colhido até 05/06, contra a média histórica de 60% para esta época do ano. Vale destacar que, segundo o último levantamento da Conab, o Rio Grande do Sul viu sua safra de milho quebrar em 31,8%, ficando em apenas 3,93 milhões de toneladas, contra as 5,77 milhões colhidas em 2019. A produtividade média caiu 35%, ficando em 4.973 quilos/hectare (82,9 sacos/hectare) 

Fonte: AgroLink