O agronegócio de São Paulo

Postado em 15/05/2017
A atividade primária, isto é, aquela diretamente ligada à produção vegetal e animal, foi a principal responsável pelo ótimo desempenho do agronegócio no Estado de São Paulo no ano passado. Com crescimento estimado em 19,7%, o chamado segmento primário – que inclui o trabalho “dentro da porteira da fazenda”, como dizem os especialistas – estimulou todos os demais segmentos do agronegócio, que, no resultado acumulado, cresceu 7,4% em 2016.

Esse resultado, que engloba todo o ano de 2016, é um pouco superior à estimativa apresentada em fevereiro, com dados até outubro. O estudo é de responsabilidade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo. A pesquisa mostra que dois itens dos quais o Estado de São Paulo é líder da produção nacional – açúcar e laranja, que registraram, respectivamente, aumentos de mais 45% e de mais de 35% no valor da produção –, foram os que mais impulsionaram o agronegócio paulista.

Os números do PIB do Agronegócio – Estado de São Paulo elaborado pela duas instituições deixam evidente a influência da produção agrícola e pecuária, isto é, do segmento primário, sobre outros segmentos. Embora responda por apenas 11% do valor da produção do agronegócio paulista, o segmento primário, por seu notável desempenho, impulsionou os demais. Assim, a despeito da queda na produção e nas vendas de importantes itens, os demais setores que compõem a cadeia produtiva do agronegócio do Estado de São Paulo também registraram crescimento expressivo no ano passado. Esses setores, além do primário, ou “dentro da porteira”, são o de insumos, formado pelas “indústrias antes da porteira”; o industrial, que processa parte da produção agropecuária; e o de serviços.

Mesmo registrando o desempenho mais modesto entre todos esses setores, o de insumos teve expansão de 4,8%. A forte contração dos investimentos em máquinas e equipamentos agrícolas, reflexo da baixa confiança dos produtores, foi compensada pelo crescimento do faturamento dos segmentos de combustíveis, fertilizantes e defensivos.

Além do açúcar, por causa do grande aumento do volume produzido, e da laranja, cuja produção foi estimulada pela forte recuperação dos preços internacionais, o segmento primário foi favorecido pelo expressivo aumento da produção de outros itens de peso relevante no volume total, como algodão e café.

O setor industrial cresceu 5,9%, sobretudo por causa das indústrias de café, óleo de soja, açúcar e etanol. Das indústrias cujo desempenho é acompanhado de perto pela pesquisa da Fiesp e do Cepea, a açucareira foi a que mais cresceu no ano passado, estimulada tanto pelo aumento da produção como pela recuperação dos preços. No caso do etanol, a queda da produção foi mais do que contrabalançada pelo aumento dos preços reais.

Uma combinação de fatores bastante favoráveis compensou os impactos dos fatores negativos. O principal destes é a persistência da crise em que o País mergulhou em 2014 em razão do desastre da política fiscal do governo de Dilma Rousseff. Seus resultados são, entre outros, a deterioração do mercado de trabalho, que levou 14,2 milhões de trabalhadores ao desemprego, reduziu a renda real dos que conseguiram manter-se no emprego e fez cair drasticamente a demanda interna. A crise reduziu os investimentos públicos e privados e provocou a forte redução do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois últimos anos.

Começa-se, por meio de reformas e outras medidas de austeridade fiscal, a restabelecer o equilíbrio das contas do governo e, assim, a eliminar do cenário econômico o principal gerador das incertezas com relação ao futuro próximo. Quanto mais rápido o empresário recuperar a confiança, mais rápida será a retomada do crescimento. Por seu desempenho recente, o agronegócio mostra estar adequadamente preparado para esse momento.
 

Fonte: estadao