Perspectivas de preços para metade final da safra 2020/21 são positivas

Postado em 11/09/2020


Relatório do Itaú BBA aponta cenários para o setor.

. Perspectivas de preços para metade final da safra 2020/21 são positivas Há perspectivas de bons patamares de preços para açúcar e etanol na metade final da safra 2020/21 afirma o relatório AgroMensal produzido pelo Itaú BBA e divulgado recentemente.

Segundo o documento, em agosto, os preços do VHP na bolsa de Nova Iorque ganharam força em função de um panorama de oferta do adoçante deteriorado.

A cotação média em julho foi de cUSD 11,90/lp, e avançou em 7,7% acima no mês seguinte, sendo o valor médio cUSD 12,89 /lp. Além do ganho em termos médios, em alguns pregões o açúcar chegou a romper os cUSD 13/lp

“O cenário negativo de produção de açúcar nos meses finais da safra global19/20 e a piora das percepções de oferta para a próxima temporada nos principais países produtores reverberou nas cotações”, afirma o ItaúBBA.

Na Ásia, a Índia aumentou os subsídios para os produtores de cana, o que poderá exigir um aumento maior das cotações internacionais para que a exportação seja viabilizada.

No segundo maior exportador do adoçante, a precipitação abaixo do normal na entressafra parece endossar mais um ano de baixas em relação à participação tailandesa na oferta global de açúcar.

De acordo com o relatório, no continente europeu, a temperatura acima do normal e o problema com vírus poderá prejudicar a safra e possivelmente tornar o bloco importador líquido em 2020/21.

“Em Santos, a combinação entre os ganhos do açúcar em NY e o Real fraco resultou em aumento das cotações. Enquanto em julho, a média de preços praticados era de R$ 1 .447/tonelada, em agosto o adoçante foi cotado em R$ 1.608 por tonelada em média, alta de 11,1 % entre os meses”, esclarece o banco.

Em relação ao andamento da safra no Centro-Sul, o documento mostra que o clima seco ajudou a velocidade da colheita, que na 1 ª quinzena de agosto alcançou 60 % da área produção

O clima também ajudou no rendimento da cana (ATR) na usina, que representou 135 kg/t, 5% acima da safra passada.

Além dos fundamentos, os preços têm sido influenciados por movimentos sucessivos de ampliação da posição liquida comprada dos fundos não-comerciais, que passaram de 117 mil contratos no final de julho para 190 mil contratos na última semana do agosto, aumento de 114% no período. Essa movimentação parece ser justificada pelo enfraquecimento do dólar e pela perspectiva de recuperação da economia.

Contudo, o relatório destaca que caso haja uma realização de lucros por parte dos fundos, as cotações poderão ser impactadas negativamente. Além disso, patamares de preços de cUSD 13,5-14/lp incentiva a oferta de adoçante indiano para o mercado externo, limitando maiores ganhos nas cotações.

O banco ressalta ainda que o balanço do açúcar se projeta apertado para a safra global seguinte que começa em outubro, corroborando para a manutenção de preços em patamares entre cUSD 13-14/lp.

Os principais países consumidores tendem continuar a manter as compras e estoques em níveis razoáveis, notadamente aqueles países com baixo poder aquisitivo e que ainda enfrentam problemas com a crise gerada pela Covid19, recorrendo a fontes alimentícias baratas como o açúcar.

Sob o ponto de vista das cotações em Reais, a combinação entre as telas futuras do adoçante e câmbio garantem patamares de preços atrativos acima dos R$ 1.500/t, no momento em que o relatório foi escrito.

“Vale ressaltar que esses níveis de preços estão atrelados ao Real desvalorizado, um movimento contrário do câmbio poderá resultar em um revés no valor do açúcar”, afirma o banco, completando “Apesar do momento ímpar aos preços, ao fazer as fixações futuras é importante considerar o planejamento do mix (e suas possíveis alterações ao longo da safra) bem como o risco de possível queda de produtividade, caso as chuvas não retomem aos canaviais no tempo e volume ideais”.

No caso do etanol, o relatório aponta que a demanda pelo biocombustível pelas distribuidoras aumentou ao longo de agosto com destaque para as últimas semanas do mês de acordo com fontes do setor. Em Paulínia, a média das cotações no mês de agosto alcançou R$ 1.792/m3, frente à média de R$ 1.698 em julho, alta de 5,5% no mês.

Apesar da alta dos preços na usina do renovável, na bomba a paridade nos principais estados foi mantida abaixo de 65% frente à gasolina. Essa competitividade nos postos foi mantida dados os reajustes de preços do combustível fóssil na refinaria que parecem estar sendo repassados ao consumidor.

O banco informa, que embora a 1ª semana de setembro ter sido frustrante aos preços do petróleo, ainda não há necessidade de ajuste negativo nos preços da gasolina no Brasil dado o patamar de câmbio atual, o que pode manter os preços e as paridades favoráveis ao etanol.

Ainda que a paridade de preços tenha sido competitiva ao hidratado, segundo a ANP, o renovável perdeu espaço no consumo do ciclo Otto.

O relatório destaca que, em julho, a participação do etanol foi de 26,7%, frente aos 29,1% em Jul/19. Em relação às vendas de julho, foram comercializados 1,5 bilhão de litros do hidratado, redução de 13% quando comparado a jul/19. Contudo ao compararmos as vendas ao mês anterior, o volume foi superior a 13,9%. Esse aumento das vendas parece indicar uma retomada do consumo que favorece as cotações

Em relação ao etanol anidro, merece atenção o balanço do renovável na safra atual, visto que na usina o mix açucareiro elevado e a produção direcionada ao etanol hidratado reduzem a produção do biocombustível. “Em contrapartida, o consumo da gasolina C (com anidro) tem ganhado espaço, o que pode resultar em excesso de demanda frente à produção local”, conclui.

Fonte: Jornal da Cana