Proibição de glifosato no Brasil seria 'desastre' para agricultura, diz ministro

Postado em 17/08/2018
Roundup

Blairo Maggi diz confiar na cassação da decisão judicial proferida no início deste mês suspendendo o registro do glifosato, um herbicida usado há décadas no país.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quinta-feira (16) que eventual proibição definitiva do uso de glifosato no Brasil seria um "desastre" para a agricultura do país, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, segundo informações da agência Reuters.

Em evento no Rio de Janeiro, ele disse que, apesar de estar preocupado, confia na cassação da decisão judicial proferida no início deste mês suspendendo o registro do glifosato, um agroquímico usado há décadas no país.

Para ele, as críticas ao produto não têm fundamento e soam como "lenda urbana".

"O glifosato é que dá toda viabilidade de fazer plantio e seguir com as culturas. E a alternativa qual seria? Voltar à grade e ao arado, e isso não tem mais nas fazendas, e ainda seria um desastre ecológico muito grande...", disse Maggi, ele mesmo um empresário do setor rural, no intervalo de evento no Rio de Janeiro.

Ao realizar o controle de ervas daninhas, o glifosato também permite o chamado plantio direto, feito sobre matéria orgânica que fica no solo de uma safra para a outra. Essa prática agrícola também evita erosão.

"Isso (que dizem do glifosato) é lenda urbana. É um produto absolutamente seguro, usado há anos na agricultura e desde que me conheço por gente", acrescentou o ministro.


Justiça pede retirada
Pela decisão proferida no dia 3 de agosto, a Justiça determinou que a União suspenda, no prazo de 30 dias, o registro de todos os produtos que utilizam o glifosato e outras substâncias até que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conclua os procedimentos de reavaliação toxicológica.

Há 10 anos, a Anvisa está avaliando se o glifosato é perigoso para saúde e se pode causar câncer.

A decisão envolve companhias como a Monsanto, que comercializa, por exemplo, a soja transgênica resistente ao glifosato --plantada há anos em larga escala no Brasil, o maior exportador global da oleaginosa.

No Brasil também há autorizações para plantio de milho e algodão resistentes ao glifosato.

Se a decisão judicial for mantida, pode trazer problemas para produtores do Brasil que se preparam para o plantio da nova safra, cuja semeadura se dá a partir de setembro, para milho e soja.

Nesta semana, representantes do setor de defensivos agrícolas e autoridades foram unânimes em dizer que essa decisão não deve se sustentar.

O Ministério da Agricultura informou que a medida pode causar prejuízos à agricultura brasileira e que vai acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) para reverter a decisão.

O presidente da Aprosoja, que representa os produtores de grãos, Bartolomeu Braz, pediu para a AGU acelerar o recurso contra a liminar da Justiça do DF. A AGU aguarda dados sobre uso do glifosato pelo Ministério da Agricultura para embasar o recurso.

Se começar a valer em setembro a proibição do herbicida, o plantio da safra 2018/2019 de soja que começa no mês que vem poderá ser afetado, segundo ele.


Fonte: G1