Usinas de SP não poderão mais queimar palha da cana-de-açúcar

Postado em 13/12/2017
A partir de janeiro, as usinas de São Paulo não vão mais queimar a palha da cana-de-açúcar. É uma medida boa para o meio ambiente, que tem consequências diretas para quem vive do corte manual.

Foram dez anos de adaptação para acabar de vez com a chuva de cinzas que sufocou o interior de São Paulo por décadas. Tudo ficava coberto pela queima da palha da cana. Um acordo entre usinas e governo estadual põe fim às queimadas. Colheita agora só com máquinas. Só nesse período de adequação, a Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo estima que 65 milhões de toneladas de poluentes já deixaram de ser lançadas no meio ambiente.

A máquina, é claro, aumentou a produtividade nos canaviais paulistas. Hoje, uma máquina colhe em média 40 toneladas de cana por hora. Isso equivale ao resultado do trabalho de pelo menos dez homens. Mas, para essa tecnologia entrar em campo, foi preciso investir em treinamento. Foi aí que a vida da turma começou a mudar.

Desde 2007, o setor profissionalizou 400 mil cortadores de cana. Mas, para a maioria, o fim das queimadas trouxe um pesadelo. “Para mim, ia continuar a mesma coisa, aí depois foi falando que ia acabar a queima de cana, foi diminuindo um pouco e agora que diminuiu mesmo”, disse o trabalhador rural Sebastião Antônio dos Santos.

A cidade de Guariba, que chegava a receber 9.500 trabalhadores durante a safra, hoje recebe cerca de 150. “Muito desemprego, muitas pessoas até passando necessidade e outros que voltaram para os seus estados e não puderam voltar mais para São Paulo por falta de emprego”, afirmou o presidente do Sindicato dos Empregados Rurais, Wilson Rodrigues da Silva.

Quem conseguiu trocar o facão pelos botões de uma máquina moderna, hoje vive bem melhor. “Foi ótimo”, diz o operador de máquina Cleber Gustavo Pavão. Se ele pensa em voltar para o corte da cana? “Não é bom não. É bom evoluir, para frente, melhorar as coisas”, responde. Cleber.


fonte: G1